segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Carta aberta para João - II

Daí que eu me senti sozinha e com uma bomba pedindo para estourar,saí pra tomar um chopp num bar próximo daqui de casa.Observei rapazes(você sabe que eu gosto de fazer isso)dos mais variados tipos.Suas pernas,suas vozes graves,seus sorrisos contidos.Suas histórias de trepadas homéricas,contavam uns aos outros,e eu logo lembrei das tuas.Ali pousaram Tiagos,Guilhermes,Augustos,Davis e Pedros.Além do seu Almeida,o garçom.
Eu estava sentada sozinha,numa mesa do canto esquerdo do bar.Procurava neles algo que me lembrasse você.Poderia ser o olhar,o jeito de falar ou de lamber os lábios depois de um gole de chopp.Até a maneira de se levantar da cadeira ou o jeito de colocar ou de tirar a jaqueta.Qualquer gesto que me lembrasse um certo João...
Como eu havia adiantado,eu estava com uma bomba doida pra estourar aqui dentro do meu peito.Meu corpo estava mandando sinais,e eu precisava acatar suas vontades.Quem mandou,João,me deixar sozinha,revirando no colchão? Gritando seu nome no meio da madrugada,e o senhor nada de aparecer?Quem mandou,João,me deixar tão tonta,tão apaixonada?
Tão tonta e apaixonada ao ponto de me fazer procurar em outros homens qualquer coisa que me lembrasse você.
Continuei sozinha um tempinho até aparecer um rapaz moreno e com ar decidido.Logo que ele entrou no bar,virei meus olhos instantaneamente pra ele.Notei que tinha mãos grandes e um olhar seco.As pernas eram longas e pareciam torneadas por partidas de futebol.Sim,eu consegui enxergar isso mesmo ele vestindo calça comprida jeans,que não era muito apertada.Só um pouco na parte das coxas,que já dava uma noção.
Depois de pedir seu chopp,seus olhos castanhos e frios pousaram em mim.Trocamos longos olhares até que ele se aproximou.Conversamos um pouco,pagamos as bebidas e saímos.Ainda posso sentir o peso da mão dele em meu ombro.Até então ele em nada lembrava você.Eu até estava gostando.Perdoe a sinceridade,João.Mas precisamos dela,lembra?
Ele me atraia de uma maneira vulgar,não tive como dizer não.Um simples toque de sua mão em meu ombro já fez meu corpo responder energicamente.Daí para as duas mãos dele passearem por todo meu corpo foi um pulo.M.soube como fazer.Sim,M.,vou chamá-lo assim nessa carta.O M. me fez esquecer um tal João por algum tempo.Trepamos sem qualquer culpa.Aliás,sou difícil com culpa,você sabe.Peço desculpas geralmente sem muita convicção.
Depois do orgasmo final,ele me beijou e se levantou .Conversamos enquanto ele se vestia.Não estava com muita pressa.Antes de ir,me beijou novamente.Percebi nele algo que estava em mim.Uma busca,uma bomba no peito querendo explodir.Vi que o olhar antes seco estava tristonho.Depois do beijo ele ficou me olhando,e vi que ele estava no mesmo barco que eu.Pude ver isso nitidamente no seu rosto,do mesmo jeito que ele,com certeza,viu no meu.Sorrimos um para o outro um sorriso cúmplice e solidário,como quem diz "sei bem o que sente".
Imagino que,neste exato momento,ele escreve uma carta para a mulher que ele ama,e que está longe.Tão longe quanto você está de mim agora,João.
E M. que em nada se parecia contigo,nem nos gestos nem nada,me fez lembrar do amor que sinto.Ele me lembrou do amor que é só teu,João.

Te espero sempre,não esqueça.Você não esquece...

Com amor,
Carol.

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