sábado, 6 de março de 2010

Carta a João*

Rio de Janeiro,6 de março de 2010


João,

Tenho pensado muito ultimamente.Mais do que se recomenda.Chove demais aqui no suburbio depois de muito tempo vivendo no calor,aquele sol que castigava.Nunca gostei muito de sol.Quer dizer,gosto de sol sim...no inverno.Sempre preferi o sol de inverno.Ele toca suave na pele,quase como seda.

Sabe,João,eu adoro escrever cartas,mas nunca sei como começar.E nunca soube começar nada.O amor tem me invadido tanto,e eu não sei como começar.Não sei falar,João.Tenho muita coisa para dar,meu coração transborda e inunda meus dias de solidão ouvindo as canções de Erik Satie.Desejando muito estar num lugar bem quentinho,e lá fora muito frio.Gostaria de começar a caminhar até você.

João,percebe minha enrolação nessa carta?Me perdoa,João.Quanto mais eu amo,menos sei começar alguma coisa.Queria muito te falar das ruas de Madureira.Andam cheias como sempre.Mas elas te pegam tanto quanto as de Copacabana.Madureira é sempre cheia de tudo,assim como Copacabana.Assim como eu e você.Ai,João,me ensina a dizer.

Chove na cidade,mais ainda no subúrbio.Me alivia o som da água caindo,e o ventinho frio que entra pela janela.João...amo seu nome numa intensidade absurda.João.Forte e sonoro João.Esse ão,digo em suspiro.Joããão................

Perdoa a timidez dessa carta,João.E,por favor,me ensina a falar.



Com amor,
Carolina.



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*não é o João gêmeo do texto anterior,é outro,de carne e osso.

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