Morrissey e Baudelaire
andam de mãos dadas
Morrissey e Baudelaire
se aconchegam na minha cama
Morrissey e Baudelaire
me chamam pra festa
me beijam os olhos
me acariciam a cabeça
libertam os meus sentidos
Morrissey e Baudelaire
me ensinam boas e más maneiras
Morrissey e Baudelaire
me mostram a arte do escândalo
em silêncios e suspiros
entre um verso e outro
na pele,no sangue,no sonho.
Morrissey e Baudelaire
me ensinam a morrer de amor
(e preparar um chá no dia seguinte).
2 comentários:
Lindo, que final espetácular! Amore, vou tomar a liberdade e postar esta sentença no facebook para todos conhecerem. Um milhão e meio de beijos.
ciranda
o vôo plumário
da ave-paraíso
sob um céu índigo
glabro
onde espumas na neblina
rosáceas luas de cálcio
ver a lamparina de alumínio
entre irisantes libélulas
ao limiar da primavera
num silêncio de garça
já as nuvens
entre nuvens
plúvias de grafite
cobrem a varanda de papoulas
ah ! ciranda de libélulas !
noutros ventos alísios flutua
a auriflama à deriva
entre estrelas de nácar
turvas asas de seda
de um (a)mor cego
nas órbitas fímbrias
do arco-íris iluminaria
esta língua
como um colibri
em equilíbrio oscila
no labirinto de lírios
e brincos de princesa
- um cenário à beira-céu -
risos em multilabros
num fragmento de sopro
a soçobrar no vício
em sigilo
nossos dias rudes
sobre a têmpora da tarde
deslizam como um negro cisne
no lago vítreo
a trégua do escar-
céu cristalino de
liras em tramas
sobre um mar de náuseas
neste espelho d’água
que se move em (re)colhidas
pálpebras
donzelas em flores
como pássaros que se vão
as copas das grandes árvores
em declínio
este sol em brisa
nu sobre as vértebras
trêmulo ventre
em silêncio do orvalho
em meus ossos de argila
entre lábios sílabas
falésias se estendem
sobre o mármore
do mar
este mar
nu sobre as vértebras
onde a ave-paraíso (re)
pousa na paisagem
e intriga
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